CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE, LITERATURA, COR E SEXO

Nathan Oliveira Medrado, Pedro Augusto de Castro Buarque Silva

Resumo


Introdução: O ensino de literatura e de filosofia não devem constituir na escola práticas separadas. É preciso encará-los como formas de possibilitar o reconhecimento e a transformação do mundo. Como práticas, ao mesmo tempo, de objetivação e subjetivação, postas em relação, essas disciplinas podem não apenas dar lugar a aberturas para a formação de leitores ativos e reflexivos, mas podem também servir como veículos formadores de novas subjetividade e visões de mundo. Objetivo: Nesse sentido, de modo a explorar relações alternativas entre a leitura de textos ficcionais da literatura e perspectivas de ação e de resistência num cotidiano atravessado pelas desigualdades, para o ensino de conceitos filosóficos, propusemos uma análise de dois textos da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, a saber, No seu pescoço e Amanhã é tarde demais. Materiais eMétodos: Foi utilizada uma metodologia bibliográfica. Os textos, pois, foram analisados à luz dos conceitos de identidade narrativa, de Paul Ricoeur, e de gesto, de Giorgio Agamben, recorrendo, assim, a uma metodologia que combina respectivamente hermenêutica e análise do discurso.  Resultados: Ao narrar os contos na segunda pessoa, a autora dá lugar, na relação da protagonista com sua própria consciência moral, a um diálogo entre o leitor e a narradora, chamando-o para ocupar o lugar da protagonista. Com isso, os contos partem da condição singular da protagonista para o universal, apelando para a empatia e para a criação de familiaridade no leitor, com vistas a tornar próximas as experiências particulares de pessoas anônimas de um cotidiano distante e estranho para o leitor. Considerações Finais: Por meio do artifício narrativo de fazer o leitor enxergar com os olhos de uma personagem cuja história evolui através dos dilemas e juízos morais que perfazem o caminho de seu autorreconhecimento, a autora provoca uma reflexão necessária em tempos de cegueira social, sensibilizando a empatia do leitor ou estudante pela exposição da condição interior da personagem na relação dialógica do texto e permitindo a construção de novos sentidos e novas orientações nas práticas da vida cotidiana.

Palavras-chave


Literatura; Filosofia; Identidade narrativa.

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